O REI LEAR
Por Shakespeare
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Resumo descritivo por Nicéas Romeo Zanchett
O ERRO E A LOUCURA DE UM REI
O rei Lear, sentindo-se envelhecer, comete o erro de partilhar os seus Estados entre as duas filhas mais velhas, cuja maldade e falsidade ele não soube perceber, em detrimento da mais nova, a boa e sincera Cordélia.
Numa noite de tempestade, Lear foi expulso pelas duas filhas mais velhas, e só encontra proteção na boa Cordélia, que ele próprio reduzira à miséria. Lear enlouquece de dor; a sua indignação, os seus lamentos, e a dedicação de Cordélia, deram a Shakespeare os temas das mais belas cenas desta tragédia.
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Em tempos muito remotos, na Bretanha, havia um rei que se chamava Lear. Já estava velho e cansado; tinha mais de oitenta anos e sentia-se sem condições de cuidar do seu reino. Depois de muito pensar, chegou á conclusão de que era chegada a hora de largar sua coroa e os seus bens e de passar o resto de seus dias em paz.
Mas, o velho rei, não tinha um filho varão que lhe sucedesse, tinha só três filhas. A mais velha era Goneril, mulher do duque de Albany; a segunda, Regam, estava casada com o duque de Cornualha; e a mais nova e mais linda de todas, Cordélia, ainda estava solteira. O velho rei Lear resolveu-se a dividir o seu reino entre as três, e reunindo-as todas anunciou-lhes o seu propósito, dizendo que daria a melhor parte àquela que mais o estimasse.
Goneril, mulher egoísta e de coração duro, declarou que o estimava mais que a luz dos seus olhos, mais do que à saúde, à beleza, à honra, mais do que a própria vida. Regan, que era tão fria e incapaz de ternura como a irmã mais velha, disse que mesmo a declaração apaixonada de amor de Goneril ainda era pouco para expressar os seu sentimento pelo pai e que a maior alegria que podia ter na terra era agradecer-lhe em tudo e bem servi-lo.
Enganado pelas palavras apaixonadas dessas falsas e cobiçosas mulheres, o velho rei deu a cada uma delas uma terça parte do seu reino; mas quando a boa Cordélia, tão sincera e leal, que adorava o pai com todo o seu coração, disse que o amava, simplesmente em sem exageros que fossem além do que uma boa filha deve a seu pai, o rei Lear enfureceu-se contra ela e não lhe deu nada, dividindo a sua parte entre as suas irmãs mais velhas.
No entanto, Cordélia teve uma compensação, pois o rei de França, que a amava pela sua beleza e bondade, fez dela sua mulher. O rei Lear tornara-se tão insensível à razão que desterrou o fiel conde de Kent, por ele ter se aventurado a advogar a causa de Cordélia junto a seu pai. O reino da Bretanha encontrova-se agora dividido entre Goneril e Regan, cujos maridos, o duque de Albany e o duque de Cornualha, governavam no lugar do velho rei. Lear esperava e desejava passar o restante dos seus dias em repouso, ora em casa de uma ora de outra de suas filhas, atendido pelas centenas de servidores que viviam à disposição delas. Mas, pouco tempo depois de estar morando no palácio de Goneril, percebeu que o tão apregoado amor da sua filha não passava de uma grande mentira.
Esta princesa fazia todo o possível para tornar a vida de seu pai bem desagradável, e o velho rei em breve se viu obrigado a sair com seu séquito.
Foi então para o castelo do conde de Gloster, um velho amigo seu que também procedera com seus seis filhos da mesma forma que ele havia procedido com suas filhas. Edmundo, o mais velho, coração egoísta, mau e sem escrúpulos, era o favorito do pai, enquanto Edgard, o seu herdeiro, moço bondoso e honesto, fora obrigado pelas intrigas do irmão a abandonar a casa paterna.
No castelo de Gloster, mais desgostos estavam reservados ao rei Lear. Ali encontrou-se com sua filha Regan, que tinha vindo para combinar com Edmundo a maneira de se desembaraçar de seu pai, o rei Lear, e do seu séquito. Goneril também veio ao castelo, e as duas irmãs juntas tanto fizeram para vexar e atormentar seu velho pai, que este acabou por declarar que não precisava de servidores.
Desiludido, triste, com o coração profundamente ferido, o pobre Lear agora vagueava sem lar e sem rumo, acompanhado apenas pelo seu bobo. Em breve juntou-se a ele o fiel conde de Kent, que se disfarçara para poder ser de qualquer utilidade ao seu amado rei. Numa charneca agreste, solitária e desolada, no meio de uma grande tempestade, chegaram a uma choça habitada por um homem que parecia louco, mas que , na verdade, era Edgard, o desterrado filho de Gloster, que ali vivia fingindo-se de doente mental.
O velho conde de Gloster desejava muito prestar auxílio ao rei Lear, apesar das princesas terem proibido de o ajudar de qualquer forma que fosse. Porém Gloster, fiando-se sempre no filho Edmundo, a quem atribuía qualidades que este estava longe de possuir, disse-lhe em segredo as suas intenções de prestar socorro ao pobre Lear; e também lhe mostrou uma carta que acabava de receber, na qual o informavam de que um exército francês se aproximava, com a finalidade de atacar a Bretanha. Edmundo fingiu estar de acordo com seu pai, e prometeu guardar fielmente o seu segredo; mas foi logo mostrar a carta ao duque de Cornualha e contar-lhe das intenções do seu pai em relação ao rei Lear. Em recompensa por esta traição, o duque de Cornualha despojou o velho Gloster do seu condado e entregou-o a Edmundo.
Entretanto, Gloster, ignorando a traição do filho, hospedara-se numa quinta, perto do seu castelo, não só Lear e seu bobo, mas também o conde Kent e o seu próprio filho Edgard; estes dois últimos disfarçados. Depois mandou o velho rei para Dover, onde os guerreiros daquela região se juntavam a fim de fazer frente aos franceses, que se aproximavam e com os quais vinha Cordélia, a fiel e boa filha de Lear.
O duque de Cornualha aprisionou o conde de Gloster, e tal era a sua fúria contra este velho amigo do rei, que lhe mandou arrancar os olhos; mas logo depois foi mortalmente ferido por um dos seus servidores, que não pode suportar uma tão covarde brutalidade.
Neste ponto a tragédia chega ao seu auge. Gloster, cego, é agora conduzido cuidadosamente por seu filho Edgard para Dover, e, perto da cidade, encontraram o velho Lear, com o juízo perdido e todo enfeitado com flores. Um servidor de Goneril, encontrando-se então com eles, procura matar Gloster, mas Edgard luta contra este homem, mata-o e descobre que ele era portador de uma carta de amor de Goneril para seu irmão Edmundo.
Lear foi então levado ao acampamento dos franceses em Dover, onde a sua filha Cordélia, que nunca deixara de amar seu injusto pai, o recebeu com muito carinho e ternura, tratando de consolar o velho rei, agora tão enfraquecido tanto de corpo como de espírito. Mas a guerra entre a França e a Bretanha não era tão feroz como a que se armara entre Goneril e Regan. estas duas más criaturas estavam ambas apaixonadas pelo tratante Edmundo. Quando Edgard entregou a carta de Goneril ao duque de Albany, este desafiou Edmundo, logo depois de uma batalha em que o rei Lear e Cordélia ficaram prisioneiros dos bretões.
Edmundo foi mortalmente ferido pelo duque; mas entretanto as duas irmãs, Goneril e Regan, que se odiavam, tinham liquidado entre si a questão dos seus ciumes e do seu ódio. Goneril envenenara a irmã; porém, sabendo que o marido era conhecedor do seu criminoso segredo, tomado de desespero e de raiva, apunhalou-se.
Edmundo moribundo, arrependeu-se do seu mau procedimento e deu ordem para que a vida de Cordélia fosse poupada; porém o arrependimento e a ordem chegaram tarde. No momento em que ela expirava, apareceu a desolada figura do velho rei Lear trazendo nos braços o cadáver de Cordélia.
O duque de Albany, que sempre fora amigo de Lear, apesar da má influência da esposa, queria agora que o velho rei reassumisse o poder; mas isto foi impossível; o pobre velho já estava quebrado e gasto pelos desgostos e a morte aproximava-se.
Mas, mesmo assim, o duque mostrou seus sentimentos para seu rei Lear, recompensando Edgar e Kent pelos grandes serviços que eles tinham prestado ao velho rei, durante as suas horas de amargura e decepção.
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NOTAS FINAIS
Shakespeare não se limitou a escrever as suas peças, que são das maiores obras primas do teatro de todos os tempos; em muitas ocasiões ele mesmo as representou no Globe Theatre, Southwark.
Nicéas Romeo Zanchett
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ResponderExcluirUm abraço!!!
Obrigado pela visita, querida amiga. Um grande abraço.
ExcluirRomeo
Moi bo artigo. Saúdos
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