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sábado, 20 de julho de 2013

ROBINSON CRUSOÉ - Daniel Defoe



No princípio do século XVIII, um inglês compôs uma narrativa  interessantíssima, cheia de curiosos e variados incidentes, a qual durante muito tempo, foi tida como verdadeira. O autor tinha descoberto a arte de contar acontecimentos fictícios, de tal forma que o leitor os julgasse reais. Chamava-se Daniel Defoe; e o seu livro: "Robinson Crusoé". É, sem dúvida, uma grande obra de imaginação, ainda que a ideia em si fosse sugerida a Defoe pelas aventuras verdadeiras de um marinheiro chamado Alexandre Selkirk, que naufragara na ilha de João Fernandes. 
Nicéas Romeo Zanchett 
ROBINSON CRUSOÉ - Daniel Defoe 
Resumo de Nicéas Romeo Zanchett 
                      Robinson Crusoé começa a sua história contando-nos que nasceu em Nova York no ano de 1662 e que era o terceiro filho d'uma honrada família. O pai desejava que se tornasse advogado, mas ele só pensava no mar. 
                      O autor dos seus dias, homem grave e sisudo, não deixava de lhe dar sãos e excelentes conselhos,dizendo-lhe que há homens a quem a fortuna volta as costas ou que conseguem alcançá-la à custa de grandes perigos, sendo, portanto, melhor contentar-se com uma profissão mediana que, no seu entender, era a posição mais invejável do mundo. 
                      Mas, passados alguns dias, diz Robinson Crusoé, "esqueci tudo isso e, ainda não decorrera um ano, quando parti de Hull, não me importando com o que o meus pais pensassem e, sem implorar a bênção  do céu nem a paterna, embarquei, no dia 1 de Setembro de 1651, a bordo d'um navio que partia para Londres". 
                     O navio naufragou, mas os tripulantes  conseguiram chegar à terra graças a um bote que foi mandado de um farol em seu auxílio.  Desembarcaram perto de Cromer e tomaram o caminho de Yarmouth, onde deram dinheiro a Crusoé para ele regressar a Hull ou continuar a sua viagem até Londres. Sem se despedir sequer do capitão, que se lamentava de ter levado no seu navio uma espécie de Jonas personificado no nosso Robinson, este desistiu completamente de qualquer ideia de voltar para traz, e caminhou-se para Londres, onde tomou passagem a bordo de um navio que partia para a costa da Africa e cujo capitão, que simpatizou com ele, lhe disse o que deveria comprar para fazer negócios; e ele, pelo seu lado, tinha aprendido alguma coisa da arte de navegação. 
                      "Esta viagem, a única viagem feliz entre minhas aventuras, converteu-me em marinheiro e negociante; regressei a Londres com cinco libras e duas onças (uns dois quilos e meio) de ouro em pó, que vendi por 300 libras esterlinas, e com esta quantia dispus-me a realizar as aspirações que deveriam conduzir-me à desgraça."
                      Conta que destinou 100 libras ao empreendimento de uma nova aventura e entregou à guarda e cuidado da mulher do seu amigo, o capitão, as 200 libras  restantes; depois embarcou no mesmo navio, agora comandado pelo primeiro piloto.  Uma manhã, navegando entre as ilhas Canárias, foram surpreendidos por um corsário mouro de Salé, e, depois de um rude combate, foram todos aprisionados e conduzidos àquele porto. 
                     Enquanto os seus companheiros eram levados à corte do imperador, Robinson Crusoé ficou em poder do capitão pirata que fez dele seu escravo. 
                     " Quando o meu novo amo embarcava", diz ele,"deixava-me em terra para eu lhe vigiar um jardinzinho e o trabalho dos escravos; e quando vinha para casa, mandava-me para o seu camarote a fim de vigiar o navio."
                     A FUGA DE CRUSOÉ - Crusoé foge do poder do pirata e empreende uma viagem.
                     Uma vez o pirata comprou uma lancha de um navio inglês para nela se dedicar a várias excursões; e este foi o primeiro dos acontecimentos que facilitaram a fuga de Crusoé nas circunstâncias que ele nos refere nos seguintes termos: 
                      "Aconteceu que o pirata se dispôs a embarcar na lancha com dois ou três mouro de categoria e enviou para bordo, na véspera, uma grande quantidade de provisões, bem maior do que era costume, ordenando-me que levasse eu três mosquetes com pólvora e balas porque projetava um encontro a par da pescaria. Na manhã, o meu amo chegou a bordo sozinho e disse-me que os convidados  tinham desistido da expedição e mandou-me então ir à pesca com um parente e um mocinho a fim de trazermos peixe para a ceia que ia oferecer aos seus amigos. "
                      "Assaltaram-me naquele instante as minhas primeira ideias de libertação; encontrava-me com uma embarcação ás minhas ordens aprovisionada pelo meu amo, não para uma partida de pesca, mas para uma viagem. Abastecido de tudo que me era preciso, saí do porto para pescar. A certa altura consegui desembarcar-me do mouro, atirando-o o mar, e fiquei só com o mocinho, que se chamava Xury. " 
                       "Cinco dias fui navegando até que  me aventurei a saltar em terra. Deitei a âncora na embocadura d'um rio; não vi nem desejava ver ninguém; o que eu queria era arranjar água para beber."
                       "Fomos cada um para o seu lado até que Xury veio dizer-me que tinha encontrado água boa e que não vira um único selvagem. Agora escusávamos de nos inquietar; descobrira num outeirinho perto perto da enseada um manancial de água fresca que brotava durante a maré baixa; enchemos com ela os nossos cântaros, fizemos honra ao jantar e preparamo-nos para seguir viagem." 
                       Depois de um encontro com uma tribo de negros pacíficos, Crusoé foi costeando até perto de cabo Verde, onde um navio português em viagem para o Brasil o recolheu. O capitão mostrou-se  animado e dos mais amistosos sentimentos, além de negar-se a aceitar qualquer pagamento, mas pediu a Crusoé que lhe vendesse o mocinho e a lancha. A princípio Crusoé não gostou da ideia de vender Xury, mas o capitão prometeu-lhe que lhe daria a liberdade e ele, no final de dez anos, estivesse convertido à fé cristã, e como Crusoé bem sabia era isso mesmo que iria acontecer, e concluiu o negócio com o português. 
                      CRUSOÉ NO BRASIL - Faz fortuna como plantador de fumo. 
                      Depois de uma viagem feliz, chegou ao Brasil onde se associou com um plantador de assucar  Escreveu á sua amiga, a esposa do capitão inglês, depositária dos seus fundos, pedindo-lhe que empregasse a metade  da soma que tinha em seu poder na compra de gêneros ingleses consignados em Lisboa, onde o capitão os tomaria na próxima viagem ao Brasil. 
                      Cedidos aqueles gêneros por bom preço, Crusoé comprou  uma plantação de fumo e, em quatro anos, acumulou grandes riquezas, apear de não se sentir satisfeito, pois ambicionava muito mais. 
                     Falou aos seus companheiros plantadores e aos negociantes da Bahia da sua viagem a África; explicou-lhes como, a troco de algumas bagatelas, se podia obter, não só ouro em pó, marfim etc., como também escravos para o serviço nas plantações.  E, um dia, três fazendeiros propuseram-lhe pôr um navio às suas ordens para ele realizar o negócio que queria; Robinson aceitou, e, para tal fim, embarcou na qualidade de feitor ou zelador das mercadorias. 
                    A VIAGEM À ÁFRICA - preparou-se para a arriscada viagem. 
                    Sem coragem de resistir ao oferecimento, mas, por outro lado, os perigos a que se expunharia dirigindo-se para a costa da África. Crusoé fez o seu testamento, para garantir a propriedade das suas plantações e outros interesses. 
                   "Em suma", escreve ele, "tomei todas as precauções possíveis para salvar a minha plantação e os objetos que me pertenciam, pondo em tudo a maior prudência, ainda que mais pesaram no meu ânimo os impulsos do capricho e da fantasia do que os da razão. 
                    O NAUFRÁGIO numa ilha deserta. 
                    O navio em que Robinson e seus companheiros tinham largado do Brasil, teve de sofrer, doze dias depois, os efeitos de um violentíssimo furação que lhe causou grandes avarias. Um dos tripulantes morreu doido e um marinheiro e um grumete foram arrebatados pelas ondas tempestuosas. 
                    Resolveu que o navio tomasse o rumo das Índias Ocidentais, pelas más condições em que se encontrava, mas sobreveio outro furioso  temporal e, durante doze dias, o barco andou sobre o mar revolto, à mercê da ventania. 
                    Abandonados assim á fúria dos elementos climáticos desencadeados, uns suspiravam por descobrir terra, enquanto outros, encerrados nos seus camarotes, esperavam o momento em que a embarcação encalhasse em algum banco de areia ou que as ondas os espatifassem. Onze homens embarcaram numa cano, entregando-se à vontade de Deus e à fúria do mar cada vez mais tempestuoso. Tendo navegado uma légua e meia, uma onda do tamanho de uma montanha caiu com tal furor sobre o bote, que o fez submergir nas águas, e os tripulantes foram tragados num instante pelo abismo. 
                   CRUSOÉ SALVA-SE 
                   "O mar arremessou-me à terra", diz Crusoé, "ou melhor, contra uma rocha sobre a qual fui cair sem sentidos. Felizmente voltei a mimantes da maré cheia; e chegando à terra pude contemplar com grande satisfação, do alto dos penhascos da costa, o perigo de que me tinha livrado, ficando em condições de voltar ao navio quando chegasse a hora da maré baixa. 
                    Encontrava-me, pois, são e salvo em terra; dei  graças a Deus por me ter salvo a vida de tão horrível transe, pois tudo fora questão de minutos, passados os quais não havia mas esperança alguma. É impossível exprimir os êxtases e transportes de quem se vê a salvo como eu me vi, depois de ter passado por tão tremendo perigo.  Fui andando ao longo da praia tocando-me e apalpando-me, para me convencer bem de que estava vivo; fazia mil gestos e movimentos para me certificar de que era o mesmo, e pensei na sorte dos meus camaradas, dos quais nem um só escapara. Nunca mais os ternei a ver; só, mais tarde, pude recolher três chapéus  uma gorra e uns sapatos que lhes pertenciam.  Lancei os meus olhos ao navio despedaçado que jazia ao longe. Como tinha Deus sido tão bom para mim, permitindo-me que alcançasse a costa?" 
                    A PRIMEIRA NOITE NA ILHA
                    No entanto não tardou muito tempo para que Crusoé viesse a perceber  as tristes condições a que se via reduzido;  estava encharcado até os ossos e não podia mudar o fato; não tinha nada para comer nem beber; não tinha consigo uma arma sequer; possuía apenas uma navalha, um cachimbo e um pouco de fumo. Ia se aproximando a noite e o único recurso que se lhe oferecia era um espesso bosque de abetos, cheio de perigos.
                    Antes de mais nada precisava comer e beber, e por esse motivo se internou pela ilha, tendo a sorte de encontrar um ribeiro de água fresca, com o qual se reanimou. Com isso e com o fumo que poderia iludir a fome, pouco depois, adormeceu.  Estava tão cansado que  só acordou quando já era dia claro. A tempestade havia se acalmado e o céu esta azul e claro. 
                    A VIDA NA ILHA - a construção da sua fortaleza. 
                    Quando Crusoé acordou em cima da árvore que trepara para passar a noite, viu que a embarcação naufragada tinha sido empurrada pelas ondas para perto da terra e se encontrava agora apenas a uma milha da praia. Pensou que poderia aproveitar daqueles destroços algumas coisas que lhe fossem de utilidade; saiu nadando e, valendo -se de umas cordas, conseguiu chegar a bordo, onde verificou que os seres vivos que lá havia eram um cão e dois gatos, que dai por diante  passaram a ser os seus únicos companheiros. 
                    RETIRANDO UTENSÍLIOS E PROVISÕES 
                    Como não havia tempo a perder, encheu as algibeiras com bolachas, construiu uma jangada, à qual ligou algumas arcas dos marinheiros, depois de as ter abarrotado de viveres, ferramentas e munições, e voltou para a terra. 
                    No dia seguinte voltou ao navio, construiu outra jangada e levou-a para a terra carregada. Durante onze dias foi repetindo aquelas visitas e assim acabou por levar para a terra quase tudo que havia a bordo. Dispondo-se a voltar mais uma vez, viu que o navio desaparecera. 
                    Então, reparando numa pequena explanada que havia no cimo d'uma rocha alta, donde se dominava uma grande extensão de mar, podendo portanto daquele lugar fazer qualquer sinal pedindo socorro a algum navio que passasse, resolveu  erguer ali a sua habitação feita com a vela do barco naufragado. 
                    Diante desta barraca traçou um semi-círculo duns vinte metros de diâmetro, cujas duas extremidades terminavam na rocha. Pela borda deste semi-círculo, cravou solidamente  na terra duas fila de rájidas estacas, a quinze centímetros uma da outra e de modo a ficarem com metro e meio de altura acima do solo. 
                    AS DEFESAS DA CABANA
                    Aguçou os estremos das estacas e encheu os intervalos entre elas  com grossos cabos trazidos do navio. Colocou outras estacas no interior, chegadas umas às outras, de 70 centímetros de altura, todas pontiagudas.  Era tão sólida esta obra de defesa que nenhum homem ou animal poderia atravessá-la. Não lhe deixou nenhuma abertura ou porta,e, para poder entrar e sair, arranjou uma pequena escada móvel que apoiava contra esta muralha ou retirava, conforme queria. 
                     Dentro deste cerco ou fortaleza construído com imenso trabalho, acumulou todas as suas riquezas, provisões e objetos diversos, armando pata tal fim duas barracas, uma mais pequena interior, outra maior, envolvendo a primeira; cobriu tudo com um grande encerado que encontrara a bordo. 
                     Observando que a rocha, na parte de traz, se apresentava ligeiramente escavada como se fosse a entrada duma gruta, e não era muito rígida, tratou de alargar e aprofundar aquela escavação e arranjou uma pequena gruta de suficiente tamanho para lhe servir de cozinha. Repartiu a pólvora por uma centena de sacos que colocou em pontos diferentes e afastados uns dos outros para, em caso de explosão, não perder toda a sua reserva.  
                      A fim de não perder a conta do tempo, gravou num poste largo as seguintes palavras: "Encontro-me neste sítio desde o dia 30 de Setembro de 1659." E fazendo com outra madeira e este poste uma espécie de cruz, plantou-a na praia. Nos braços deste poste, todos os dias ia traçando um risco, fazendo-os mais compridos de sete em sete, para marcar os domingos.
                     PRODUÇÃO DE PÃO
                     Entretanto averiguou que na ilha havia cabras, coelhos e gatos monteses, assim como aves silvestres, e foi guardando as peles dos animais que matava para comer. 
                     Terminada a obra da fortaleza, fabricou algumas cadeiras e uma mesa com madeira de certas árvores que  cortava para tal fim, servindo-se de um machado e alinhando-a depois com um enxó.  Mais tarde, depois de uma grande tempestade, apareceram na praia alguns restos do navio naufragado, e Crusoé aproveitou a ocasião para se aprovisionar de tábuas e de ferragens que mais tarde lhe seriam muito úteis. 
                    Um dia, antes da estação das chuvas, despejou e sacudiu uns sacos velhos que tinham servido, no navio, para transporte de cevada e outros cereais; e, depois das chuvas, observou que, no lugar onde os escondera, apareciam uma linguetas verdes que, crescendo, acabaram por produzir algumas espigas de cevada e arros. Crusoé colheu-as e semeou-as, e assim foi fazendo durante quatro anos, até que, ao cabo desse tempo, conseguiu colher bastante para semear e guardar quantidades de cereal suficientes para com eles ir fazer pão. 
                    Tomou então as precauções precisas que os coelhos e os pássaros não prejudicassem as suas sementeiras. 
                     Um dia um forte terremoto veio assustá-lo muito;  mas, felizmente, não lhe causou dano algum. Mais tarde caiu doente, restabelecendo-se achou grande consolação na Bíblia, que também trouxera do navio ; percorreu a ilha, e no outro lado descobriu um formoso vale, onde construiu um caramanchão. 
                     Num outro ponto da ilha viu muitas pombas rolinhas, lebres e galinhas selvagens. Apanhou um papagaio e ensinou-o a dizer o seu nome. Capturou uma boa quantidade de cabras e levou-as para o seu cercado, prevenindo-se assim contra a falta de alimentos, aproveitando-lhes o leite, que conservava em toscas vasilhas de barro que ele mesmo fabricara. 
                     CONSTRUINDO UMA CANOA COM VELA
                      Já estava na ilha a seis anos, quando resolveu construir uma canoa; com ela, tinha a intenção de dar a volta em toda a ilha. Fabricou sacos e roupas com peles de animais e também alguns cestos.  Eis como, com suas próprias palavras, descreve sua roupa: "Andava com um grande, alto e extraordinário barrete de pele de cabra, um estranho casaco também de pele de cabra que me chegava aos joelhos e umas calças e chinelas da mesma fazenda. Trazia um cinturão de pele seca de cabra, no qual levava um serrote e um pequeno machado, e numa outra correia pendurada ao ombro trazia dois bolsos, também da mesma pele, com pólvora e balas.  Caminhava com uma cesta às costas, o mosquete a tiracolo e, na mão, uma grande, feia e tosca sombrinha de pele de cabra para me resguardar do sol. Cortava com frequência a barba, mas cobria-me o lábio superior um comprido bigode à moda maometana." 
                      Quando se ocupava nas suas plantações, ou no tratamento dos seus animais, empreendia pequenas incursões na sua canoa ou passeava em torno da ilha; e assim tinha sempre o seu tempo ocupado. 
                      AS PEGADAS NA AREIA
                      Um dia, depois de ter vivido quinze anos na ilha, ficou Robinson Crusoé profundamente surpreendido ao ver na areia da praia, impressa, uma pegada de pé humano descalço. A impressão que tal descoberta lhe causou foi como se uma aparição surgisse diante dele, e desandou a correr na direção da sua fortaleza, nem mais nem menos do que se fosse perseguido. Cheio de medo, não conseguiu dormir  nessa noite; durante três dias e três noites não saiu do seu abrigo. 
                      Do outro lado da ilha, Crusoé sempre avistava uma estranha faixa escura no horizonte, que pensava ser de terra; deduziu que a pegada na areia poderia ser de algum selvagem que teria vindo até a ilha; isto obrigou-o a tomar medidas para sua segurança. 
                      Quando, algum tempo depois, descobriu numerosos crânios e osso humanos, restos de um festim de canibais, retirou-se rapidamente para sua fortaleza; sentiu-se feliz por ter construído seu abrigo naquele lugar, onde não apareciam selvagens. 
                      Numa certa manhã, quando já haviam se passado vinte e três anos, assustou-se ao ver um grupo de selvagens  naquele lado da ilha e, descendo até a praia, depois de os ver partir, deparou com os restos de um novo banquete  de canibais, o que o levou a redobrar de precauções para não ser descoberto. 
                       Meses depois, ali perto aconteceu outro naufrágio, e Robinson pode aprovisionar-se de várias coisas de que estava precisando. 
                      Dois anos depois tornou a ver outro bando de selvagens que traziam dois prisioneiros. Enquanto esquartejavam um deles, o outro conseguiu fugir e desandou a correr na direção de sua cabana. Foi perseguido por dois canibais, mas Crusoé o salvou; e desde então este selvagem passou a ser seu fiel servidor; e como isto aconteceu numa sexta-feira, deu-lhe o nome de Sexta Feira. O negro logo aprendeu muitas palavras inglesas, que lhe eram ensinadas e tornou-se um excelente e útil companheiro em todos os trabalhos e aventuras na ilha. 
                     Um dia Sesta Feira chegou correndo e muito sobressaltado. Chegara à ilha um novo bando de selvagens em três canoas, e o negro estava convencido de que vinham à sua procura. Crusoé tranquilizou-o o melhor que pode; armaram-se e saíram da fortaleza. 
                     O ENCONTRO COM MAIS COMPANHEIROS
                      Quando chegaram perto dos canibais, estes estavam devorando um dos prisioneiros, enquanto o outro cativo esperava estendido na areia.  Este cativo era um branco. Crusoé e Sexta Feira fizeram fogo contra o bando, matando vários e dispersando o restante. Enquanto Crusoé libertava o homem branco, Sexta feira descobrira mais um prisioneiro deitado no fundo de uma canoa; era seu pai, como depois se comprovou. A partir de então Crusoé já tinha três companheiros. 
                      Depois de libertado, o branco disse que era espanhol e pertencia à tripulação, composta de dezesseis homens, dum navio que naufragara, e que havia sido feito prisioneiro dos selvagens da tribo a que pertencia Sexta feira.  Disse que foram bem tratados pela tribo de Sexta feira, mas que houvera uma guerra com outra  tribo e os derrotados foram todos feitos prisioneiros e eles eram alguns desses.
                      Antes disso  acontecer, Crusoé já estava construindo outra canoa. Decidiu que esta canoa seria usada por Sexta feira e os outros dois para trazer os demais espanhóis para sua ilha.
                     Depois que partiram, apareceu um e deles desembarcaram uns poucos homens, perto da habitação de Crusoé. Traziam três prisioneiros. Ao escurecer, enquanto os homens estavam dormindo, Crusoé aproximou-se dos cativos e viu que eram oficiais do navio. Tinha havido uma revolta a bordo. Crusoé libertou os três homens e, depois de vários episódios muito interessantes, o capitão tomou novamente posse do seu navio, no qual, depois dos sobreviventes  da revolta serem abandonados na ilha, Crusoé embarcou com Sexta Feira, finalmente deixando a ilha,  no dia 19 de Dezembro de 1686, o mesmo dia do mês em que ele fugira de Salé. 
                   Neste navio, Crusoé chegou à Inglaterra no dia 11 de Junho de 1687, após uma ausência de 35 anos. 
                   Pouco depois foi a Lisboa, e ali soube, por cartas que recebeu do Brasil, que os seus negócios tinham sido tão bem dirigidos que estava rico. 
                   Voltando á Inglaterra, Crusoé casou e estabeleceu-se numa linda quinta em Bedfordshire. Mas o velho espírito de aventura novamente tomou posse dele e após a morte de sua mulher, partiu novamente para a sua ilha, transformada numa próspera colônia pelos sobreviventes espanholais. 
                   Por fim Crusoé despediu-se da colônia, indo aventurar-se na China e na Russia. Voltou a Londres em 10 de Janeiro de 1705.
                   "E então", diz ele, "resolvi preparar-me para uma viagem maior do que todas estas, tendo vivido uma existência infinitamente variada durante setenta e dois anos, e aprendido o bastante para conhecer o valor do repouso e a ventura de acabar os dias em paz." 
                   O LIVROS SOBRE CRUSOÉ
                   Na verdade, Daniel Defoe escreveu três livros sobre Crusoé, não só relatando sua vida, mas falando sobre seus pensamentos em várias coisas. 
                   Esta história que acabo de resumir é contada no primeiro e mais interessante destes livros. E este deve, por sua originalidade,  ser lido  por todos que gostam de aventuras e boa literatura. 
Nicéas Romeo Zanchett. 


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